quarta-feira, 19 de setembro de 2012

[Crônica] Lá vai piada!




Fui a um restaurante sexta-feira passada com três amigas. Não estava muito animada, mas fui do mesmo jeito. Lá estava tudo muito divertido. Bons partidos, ótimo chope e música boa. E eu e minhas amigas em um clima de piadas. Lá vai piada...


- Num certo dia um camarada pega o ônibus e, sem querer, encosta numa freira...
Lá vem piada...

- Dois motoqueiros em alta velocidade numa avenida, um fala para o outro...

E lá foi minha amiga contar “a” piada:

- No tempo da Segunda Guerra Mundial o chefe do campo de concentração já estava ficando desesperado com as derrotas do exército alemão e resolveu falar para os judeus – Atenção! Eu terr um bomm notícia e um mau notícia. Qual vocês quererr ouvirr primeirra?
Cansados de más notícias, os judeus pediram:

- A boa notícia primeiro!

O alemão disse:

- Metade de vocês vai voltarr pro casa hoje.

Os judeus começaram a comemorar, até que se lembraram de perguntar:

- E a má notícia? Qual é?

E o alemão.

- O mau notícia é que é só a parte de cima.

Ela tinha que ter contado a linda piada enquanto passava uma família judaica. Não um judeu, mas sim uma grande e honrosa família. Pai, mãe, filha, tio, tia, todo mundo olhando para nossa mesa. Foi aí que eu soube quem não era minha amiga de verdade. No meio do alvoroço que a família criou em torno da maldita piada, uma foi acusada. Sim, eu. Minha amiga não moveu uma palha dizendo que era ela quem tinha feito a consideração preconceituosa. Não que eu não tivesse dado risada com a piada, mas mesmo assim, ser acusada de autoria e ninguém que viu poder dizer “não foi ela não” é golpe baixo. A “Mãe Judia” veio falar comigo:

- Eu vi muito bem, mocinha. A senhorita acha engraçado sair por aí contando piadas preconceituosas?
- Mas...
- Não tem mas, nem meio mas, eu sei muito bem o que é isso, é falta de educação, isso tem que vir de casa.
- A senhora está insinuando que meus pais não me deram educação?

Eu não estava com nem um terço da razão, mas a senhora infelizmente colocou meus pais no meio e isso não dá muito certo comigo. Acabei perdendo todo o sentido de defesa e parti para o ataque. Não deveria tê-lo feito, eu estava indo bem. Não era eu a autora da piada. Se fosse um português me acusando, poderíamos conversar, afinal, foi a piada que contei.
Há, a mocinha ainda é respondona. Está vendo, Ester, é para isso que eu te educo, para não ficar desse jeito – disse isso, comentando com a filha mais nova.
Tudo bem que a piada tinha sido de extremo mau gosto, mas agora, a culpa é minha?

- Já que não é na sua casa que você é educada, serei eu que farei uma boa ação agora, coisa que a senhorita nem merece...Mas farei.

Eu já esperando que ela fosse embora, ou sentasse com a família do outro lado do recinto, ouvi as seguintes palavras:

- Denunciarei seu ato de vandalismo para a polícia, aí sim você perceberá o quão mal te fará a falta de educação.
- Polícia? Não há necessidade, minha senhora, eu peço desculpas.
- Agora? Haha, tivesse pedido antes. E mesmo assim, continuo não aprovando.

E no que agora me adiantaria acusar minha “amiga”. Que aliás, junto com as outras, se encontrava bem longe dali. Nem as vi saindo. Belas amigas.
A senhora judia ligou para a polícia e recontou a piada ao policial. Deixando bem claro que após eu ter contado a piada ainda tinha respondido “torto” para ela e outras coisas que ela fez questão de inventar. Depois de alguns minutos esperando, apareceu um policial civil ali no estabelecimento. A senhora correu ao encontro dele e recontou indignada a história. E eu não consegui evitar a cara de saco cheio, que ela fez questão de comentar com o policial.

Na hora em que o policial veio falar comigo, com aquela cara de mau, fomos interrompidos pelo garçom, que disse:

- Olha, seu policial, eu vi tudo. Eu vi muito bem que não foi essa menina quem contou a piada. E sim uma outra, amiguinha dela, que saiu correndo.

A senhora estava indignada com o que ouvia, com o orgulho desmoronado, afinal, ela tinha certeza de que era eu quem tinha contado a maldita piada. Então ela resolveu dizer, em má hora:

- E o senhor policial vai acreditar no que esse pretinho está dizendo?


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Postado por
Thaís Prado


às
03:06












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