quarta-feira, 19 de setembro de 2012

MULHER, demasiadamente MULHER!



Recebi uma rosa única, em papel celofane. Uma rosa quase plástica pela textura saudável que exibia, mesmo fora da roseira. Cutuquei a colega do lado e perguntei: Por que recebemos essa rosa? Ela também não sabia. Dentro de alguns minutos, a Madre Superiora explicaria que era o Dia Internacional da Mulher.

E, ah, eu não me sentia uma mulher (afinal, tinha pouco mais de 10 anos de idade), tampouco sabia O QUE se comemoraria naquele dia. Quer dizer, no dia das mães, as mães recebem presentes de seus filhos. No Natal, as pessoas se dão presentes. Data comemorativa não faz sentido se não houver presentes a serem dados, não é mesmo? É, isso pode fazer sentido para uma criança de 10 anos.

Em Nova York, precisamente no processo de industrialização, mulheres que trabalhavam em fábricas de vestuário e indústria têxtil reivindicaram pela redução de 14 horas de trabalho para 10 horas. E, ainda, por condições melhores e salários mais razoáveis. Para conter a manifestação, policiais foram acionados e 129 operárias morreram queimadas. O lamentável episódio ocorreu em 8 de março de 1857.

A data foi abafada por décadas, ganhando força mais tarde pela ONU e por Movimentos Feministas. Comemora-se as conquistas da mulher no âmbito político, moral e social e, em boa parte do mundo, o dia é usado para REFLEXÕES, ANÁLISES E DEBATES.


Seguindo essa perspectiva, irei usar esse espaço para REFLETIRMOS SOBRE AS CONQUISTAS DA MULHER BRASILEIRA:

Três década antes (1827) do ocorrido na fábrica em Nova York, houve a primeira lei no Brasil sobre educação das mulheres, permitindo que frequentassem as escolas elementares. Já as instituições de ensino para nível acima disso não permitiam o seu ingresso.

Depois, em 1879, as mulheres puderam frequentar cursos de nível superior, porém se optassem por isso eram criticadas e apontadas pela sociedade.

Em 1885, Chiquinha Gonzaga é a primeira mulher no Brasil a estar à frente de uma orquestra. A primeira médica formou-se em 1887 e enfrentou muitos obstáculos, afinal era ridicularizada.

Em 1917, a professora Deolinda Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino em 1910, lidera uma passeata exigindo a extensão do voto às mulheres.

10 anos depois, o Governador do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, consegue uma alteração da lei eleitoral dando o direito de voto às mulheres. O primeiro voto feminino no Brasil – e na América Latina! – foi em 25 de novembro de 1927, no Rio Grande do Norte. Quinze mulheres votaram, mas seus votos foram anulados no ano seguinte. No entanto, foi eleita a primeira prefeita da História do Brasil: Alzira Soriano de Souza, no município de Lages - RN.

Depois da anulação dos votos femininos, em 1932, Getúlio Vargas promulga o novo Código Eleitoral, garantindo finalmente o direito de voto às mulheres brasileiras.

No mesmo ano, a primeira atleta brasileira a participar de uma Olimpíada, a nadadora Maria Lenk, de 17 anos, embarca para Los Angeles. É a única mulher da delegação olímpica.

No ano seguinte (1933), nas eleições para a Assembléia Constituinte, são eleitos 214 deputados e uma única mulher: a paulista Carlota Pereira de Queiroz.

Em 1937/1945, o Estado Novo criou o Decreto 3199 que proibia às mulheres a prática dos esportes que considerava incompatíveis com as condições femininas tais como: "luta de qualquer natureza, futebol de salão, futebol de praia, pólo, pólo aquático, halterofilismo e beisebol". O Decreto só foi regulamentado em 1965.

Em 1945, a igualdade de direitos entre homens e mulheres é reconhecida em documento internacional, através da Carta das Nações Unidas.

Depois de 12 anos sem a presença feminina, a delegação brasileira olímpica segue para Londres com 11 mulheres e 68 homens. Neste ano, a holandesa Fanny Blankers-Keon, 30 anos, mãe de duas crianças, foi a grande heroína individual da Olimpíada, superando todos os homens ao conquistar quatro medalhas de ouro no atletismo.

Em 1949 são criados os Jogos da Primavera, ou ainda "Olimpíadas Femininas". No mesmo ano, a francesa Simone de Beauvoir publica o livro "O Segundo Sexo", no qual analisa a condição feminina.

Em 1951 é aprovada pela Organização Internacional do Trabalho a igualdade de remuneração entre trabalho masculino e feminino para função igual.

Em 1960, a grande tenista brasileira, a paulista Maria Esther Andion Bueno torna-se a primeira mulher a vencer os quatros torneios do Grand Slam (Australian Open, Wimbledon, Roland Garros e US Open). Conquistou, no total, 589 títulos em sua carreira.

Em 1979, Eunice Michilles, então representante do PSD/AM, torna-se a primeira mulher a ocupar o cargo de Senadora, por falecimento do titular da vaga. A equipe feminina de judô inscreve-se com nomes de homens no campeonato sul-americano da Argentina. Esse fato motivaria a revogação do Decreto 3.199.

Em 1980, recomendada a criação de centros de autodefesa, para coibir a violência contra a mulher. Surge o lema: "Quem ama não mata".

Surgem em 1983 os primeiros conselhos estaduais da condição feminina (MG e SP), para traçar políticas públicas para as mulheres. O Ministério da Saúde cria o PAISM - Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, em resposta à forte mobilização dos movimentos feministas, baseando sua assistência nos princípios da integralidade do corpo, da mente e da sexualidade de cada mulher.

Surge em 1985 a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher - DEAM (SP) e muitas são implantadas em outros estados brasileiros. Ainda neste ano, com a Nova República, a Câmara dos Deputados aprova o Projeto de Lei que criou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Neste ano, é criado o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), em lugar do antigo Fundo de Contribuições Voluntárias das Nações Unidas para a Década da Mulher.

Em 1987 é criado o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro - CEDIM/RJ, a partir da reivindicação dos movimentos de mulheres, para assessorar, formular e estimular políticas públicas para a valorização e a promoção feminina.

Em 1988, através do lobby do batom, liderado por feministas e pelas 26 deputadas federais constituintes, as mulheres obtêm importantes avanços na Constituição Federal, garantindo igualdade a direitos e obrigações entre homens e mulheres perante a lei.

Em 1990 é eleita a primeira mulher para o cargo de senadora: Júnia Marise, do PDT/MG.

Em 1993 é assassinada Edméia da Silva Euzébia, líder das Mães de Acari, o grupo de nove mães que ainda hoje procuram seus filhos, 11 jovens da Favela de Acari (RJ), seqüestrados e desaparecidos em 1990. E, ainda no mesmo ano, Zélia Cardoso de Mello é a primeira ministra do Brasil. Ela assume a pasta da Economia no governo de Fernando Collor (1990-92).

Em 1994, Roseana Sarney é a primeira mulher eleita governadora de um estado brasileiro: o Maranhão. Foi reeleita em 1998.

Em 1996, o Congresso Nacional inclui o sistema de cotas, na Legislação Eleitoral, obrigando os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. E, ainda, a escritora Nélida Piñon é a primeira mulher a ocupar a presidência da Academia Brasileira de Letras. Exerce o cargo até 1997 e é membro da ABL desde 1990.

No ano seguinte, as mulheres já ocupam 7% das cadeiras da Câmara dos Deputados; 7,4% do Senado Federal; 6% das prefeituras brasileiras (302). O índice de vereadoras eleitas aumentou de 5,5%, em 92, para 12%, em 96.

Em 1998, a Senadora Benedita da Silva é a primeira mulher a presidir a sessão do Congresso Nacional.


Veja que algumas de nossas conquistas são recentes. Fiz a pesquisa pelo site do IBGE.GOV.BR e constatei que há muito ainda para avançar.


Que todas nós possamos usar esse dia para receber flores, sim, mas para avaliarmos nossa condição de mães, operárias, médicas, companheiras, advogadas!

Desejo a vocês um Feliz Dia Internacional das Mulher! E como toda data comemorativa, não podemos esquecer O PRESENTE. Vá até o espelho e veja-o. Só nós somos lindas, loiras, negras, ruivas e japonesas! (Tá, eu sei que esse desfecho foi meio... brega!)

ADORO VOCÊS, MENINAS!



E, você, o que pensa a respeito do Dia Internacional da Mulher? Participe do nosso debate no Orkut: DIA DA MULHER, HOMENAGEM OU PRECONCEITO?








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Postado por
Sarita


às
03:10












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