Segue:
Sempre fui medrosa. Desde pequena, sempre tive medo de me perder da minha mãe no mercado, de ficar sozinha na escola, de me machucar. Sempre fui assim. Mas quando a criança virou mulher, e o medo virou pânico, a coisa mudou de figura.
Quem nunca teve um ataque de pânico não é capaz de entender, e muito menos de te dar a fórmula mágica. Já ouvi de tudo: “Eu já tive isso", "Isso é coisa da sua cabeça" e “Isso é problema espiritual / fizeram um trabalho para você” são os mais recorrentes. A maioria das pessoas acha erroneamente (e eu também achava) que quem tinha pânico ficava enjaulado dentro de casa, esperando o mundo cair na sua cabeça, com os olhos esbugalhados de terror. Essa é uma imagem mentirosa, preconceituosa e limitada.
Se falo que tenho pânico, as pessoas instantaneamente me julgam como louca ou me perguntam: “Mas você tem medo de quê?” É frustrante não poder explicar a complexidade de uma síndrome do pânico. Tem que se viver o pânico para entendê-lo.
É injusto pensar tanto na morte, quando se tem tanto para agradecer à vida. Não é fácil, não é engraçado, não é frescura. É uma luta diária a cada sintoma que eu finjo não notar, a cada pensamento obsessivo que eu abafo com uma música alta. Passam semanas, meses até e você pensa: " Sumiu, estou curada. Nem lembro mais como era, que coisa de louco!!" Só que numa quinta-feira cinza qualquer, você acorda como eu acordei hoje. Cheia de medos e sintomas. E isso faz você se sentir um ser humano fraco, impotente e medroso. Alguns dizem que o pânico é a nossa vida piscando e dizendo: HEY, ME DÁ ATENÇÃO!!! E é aí que você se olha. Verdadeiramente. Então eu respiro fundo, tomo um lexotan, leio o Salmo 23 e me sinto a mais corajosa das mulheres.
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