quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Minha irmã.



Minha irmã nunca vai ler este post, mas eu escrevo para ela com lágrimas nos olhos. Ela não deve saber metade do que representou para mim e ainda representa. Foi através dela que entendi o que é ser mulher, o que é batalhar, e eu , agora, resolvi seguir também a sua profissão. Ela sempre esteve mais presente na minha vida do que a minha própria mãe, e, se me pedem pra escolher qual membro da família eu amo mais, eu prontamente respondo: É ELA, PONTO FINAL.

Tenho uma dívida eterna com ela. Sem querer engatar com o post da Zíngara, mas já engatando, foi o nome dela que eu pronunciei antes mesmo de falar mamãe (minha mãe odeia lembrar disso), foi pra ela que eu liguei quando achei que fosse morrer depois de tomar uns comprimidos para infecção urinária (morri de tanto fazer xixi vermelho - o remédio era vermelho hahaha, eu sou idiota e o tal xixi vermelho me assustou demais), e também foi ela que esteve lá, no dia 4 de agosto e alguns dias antes, quando eu estava sem chão.

Alguns dias antes do dia fatídico, eu estava abraçada na privada de um banheiro de shopping com um teste de farmácia na mão e os dois riscos de positivo. Não sabia se morria primeiro ou se me matava e depois morria mais um pouco. Minha irmã é mãe, e também foi mãe de surpresa, como a Zingara. Eu pensei que ela fosse me matar, juro por Deus. Infelizmente, a imbecil aqui conseguiu nascer super fértil, a ponto de tomar anticoncepcional por 4 anos seguidos, esquecer um dia na vida (colocava até alarme, para não esquecer jamais, foi um desses lapsos imbecis de "já tomo" e esquecer de vez), transar com uma pessoa que não sabia controlar seu próprio gozo, e enfim, dar a burrada que deu.

Ela não me julgou, em nada! Muito pelo contrário, chorou comigo, riu comigo, apertou minha mão, e concordou que meu namorado na ocasião não passava de um idiota completo. Não, eu não fui forte como ela ou como a Zíngara. No único momento que eu tinha mudado de idéia meu namorado surtou e eu decidi que meu filho não merecia ter a merda de pai que ia ter, eu decidi que não era adulta o bastante pra ter um filho sozinha. No final de julho meu namorado depositou o dinheiro na conta da minha irmã. Não foi capaz de vir até a minha cidade passar pelo que eu e ela passamos. Não, esse será um post polêmico, mas eu garanto que não é uma decisão fácil. Cansei de sentar no box do banheiro e pensar, falar, chorar, me escabelar: meu querido, perdoa a mamãe. Deus vai te mandar pra uma família estruturada, eu sei que vai. Ninguém merece ter uma bosta de mãe que não tem nem dinheiro o bastante pra te dar uma Barbie com pônei, que vai chorar cada ver que você golfar achando que você esta tendo um treco. Você não merece o pai que vai ter. Um pai que nem aqui está pra passar por isso com a gente, ele já é ausente agora, preocupado demais com sua própria vida, com a música que vai tocar na formatura. Mas nós temos ela, nós temos ela. Vai dar tudo certo.

A maior humilhação da minha vida foi ver minha irmã apertando minha mão enquanto fomos revistadas e enquanto nosso dinheiro era contado e previamente como se diz? Marcado com aquela caneta que identifica se o dinheiro é falso ou não. Ela apertou minha mão com uma força delicada, tipo: estou aqui, vai dar tudo certo, eu sei como é, eu nunca vou te abandonar. Foi a maior prova de amor verdadeiro que eu vi, e que nenhum homem, nenhum namorado, nenhuma amiga nunca vai me dar. Foi sincero e real demais, e eu choro enquanto escrevo esse post.

Óbvio que, dali pra frente, meu namoro desandou. Eu mereci o surto dela me xingando até a última consequência quando eu TONTA, TONTA, TONTA, peguei um avião uns dias depois pra ir na formatura dele. Chorei a viagem toda, não entendia o que estava fazendo lá, só queria voltar e dizer pra minha irmã o quanto eu era realmente patética. Não entendia mais nada. Aliás, eu sequer lembrava que tinha sido no dia 4 de agosto. Existem coisas que a memória bloqueia... Ela nunca me perdoou por eu ter pego aquele avião, semi - dopada, para ver uma pessoa que sequer pensou em me apoiar quando mudei de idéia. Eu também não me perdoaria em seu lugar, foi mesmo uma traição.

Eu nem sei dizer porque resolvi escrever esse post, isso aconteceu há anos, eu costumo não pensar nisso pra não chorar. Agora estou aqui e o teclado todo pingado. As pessoas não sabem como dói ter de ouvir: Mas isso ja faz tanto tempo né, não pensa nisso não, como se fosse um assunto fácil ou de pouca importância.

Minha irmã soube da importância disso e de muitas outras coisas que só ela sabe. Deus deu a ela e a mulheres como a Zíngara (eu sempre te digo né Zin, que eu te adoro porque você e ela são iguais, encare iss como um elogio máximo porque achei que gente como minha irmã só tinha uma) uma força inigualável, um dom de compreender a dor dos outros, um dom de nunca julgar e só estender a mão sem fazer perguntas que só pessoas raras possuem.

Eu te amo, resumindo esse post, é isso. E é infinito.



p.s. prefiro não me identificar nesse post. Me chamem de L.








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Postado por
CF


às
16:32












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