quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sempre há tempo para recomeçar



Esse é meu sorriso de verdade.
Por quase 5 anos eu só contraia o maxilar.


Nunca fui de começar a dieta na segunda, começo no sábado, assim que nego um convite para um rodízio de massas. Nem sempre fui assim, sempre adiava as coisas para outro dia, outra semana. Hoje se o ziper da bolsa quebra, eu dou um jeito de ir no mesmo dia consertá-lo.

Passei a entender a vida de outro modo, com outras cores e efemeridades depois que perdi um amigo de escola. Sim, perdas e mortes são também inícios e ganhos, mesmo que no momento em que eles aconteçam não pareçam ter essa frugalidade – Já disse algo parecido o autor do livro “As 5 pessoas que você encontra no céu” (recomendo). O amigo em questão não foi meu amigo de infância, não guardo memórias de boas frases saidas da boca dele, mas eu o conheci na época do atormentado vestibular e ele, doente, só pensava em pegar os meus cadernos para copiar as aulas perdidas. E, bem, para ele só restavam alguns dias e ele usou seus dias, suas poucas horas, estudando para o vestibular que nunca fez.

Já se passaram muito mais de 10 anos e eu sempre penso um pouco no meu amigo, em todo o seu empenho em estudar nos miseros instantes que lhe restavam. E eu me concentro, sempre noto que a vida é muito maior, muito mais valiosa e que às vezes a desdenhamos.

E guiada pela vontade de ser feliz, porque talvez me restem poucos meses (e talvez me sobrem anos), que ao fazer uma viagem a passeio para minha terra natal acabei ficando. O engraçado é que eu havia preparado uma mala muito recheada, com 10 pares de sapato, para passar apenas 10 dias. A intenção nunca foi ficar, nunca cogitei sequer estender o passeio. Era um mero passeio, eu ia rever meus amigos, os parentes, ver o mar e voltar mais bronzeada para a cidade que eu estava residindo.

Mas, bem, rever o mar não foi meramente lançar os olhos sobre um amontoado de água salgada e rever meus amigos não foi apenas percebê-los mais magros ou mais bem sucedidos. Ver aquilo tudo foi como um turbilhão de promessas, a promessa que havia um lugar onde eu podia ser eu de novo, aquela que eu matei quando decidi me adequar a concreto, a saltos altos e trânsitos intermináveis.

Eu estive namorando uma pessoa que não se parecia comigo. Eu estive fazendo balizas por aí, evitando falar tanto “visse” ao final de cada frase. Eu estive conversando com pessoas que nunca chuparam patinhas de caranguejo com os pés enterrados na areia da praia, que não sabem o que quer dizer a expressão “É pra se fudê e morar em Bayeux”. Eu estive andando num metrô apertado com pessoas preocupadas com seu próprio bem estar. Eu estive fora, muito longe, sem ver o mar, sem me ver.

Eu decidi ficar em João Pessoa. Deixei tudo para trás. Mas o que é tudo? O que deixei não me faz falta, eu estou bem agora e sei que ficarei melhor. Não me adaptei ainda em ser eu, estou indo aos poucos, engatinhando. Havia esquecido que minha pele é realmente muito oleosa, a secura de Brasília amenizou esse fardo. Havia esquecido que as 17h o sol começa a esmorecer e que se você não acorda cedo o dia fica ínfimo. Esqueci também que chega-se de uma noitada com o sol já quente, porque aqui o sol nasce primeiro.

E é onde o sol nasce primeiro e é onde você está que eu quero ficar. Porque é aqui que eu nasci, não importa que as pessoas se amontoem para entrar no ônibus e que a faixa de pedestre não seja respeitada. Ninguém é educado socialmente, diriam os de fora, o que digo é que somos felizes e não hipócritas o suficiente para apenas PARECERMOS uma população educada. Do que adianta deixar que o outro passe a faixa de pedestre, se estamos furiosos por que alguém parou o trânsito? Isso tem que ser feito por que queremos, não porque há uma regra social nos impondo. Assim gera-se uma população mal amada, depressiva que apenas faz o que é LEGAL – no sentido de legalidade juridica.

E não me importo se esse texto soar auto-ajuda, conversa de botequim ou qualquer coisa que o valha. Eu só quis contar a vocês que eu aprendi a voltar, a recomeçar e não se espantem se eu anunciar que fui embora pra outro lugar.








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Postado por
Sarita


às
01:42












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