quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Sex shop - a única loja que intimida mulheres



Ao contrário da trajetória normal de muitas meninas, meu trabalho me levou à uma sex shop antes da curiosidade. E foi lá, ouvindo a dona me contar tudo sobre o mais recente plug-in anal a chegar ao estoque, que percebi minha total ignorância sobre apetrechos sexuais. A extensa parede que servia de mostruário de consolos me levava ao silêncio, como em uma estranha reverência a aquele totem peniano. Silêncio, em sinal de respeito ao desconhecido. A loja me intimidava, mas depois da terceira visita e de alguns textos sobre as novidades do mercado, eu me senti habitué.

Mas que diabo de habitué é essa que nunca comprou sequer um chocolatinho em forma de pênis? Não sei o que me acontece, mas toda vez que entro em uma sex shop me sinto tão clichê que saio de mãos abanando. Fugir do óbvio me parece tão difícil. Me dê um par de algemas de pelúcia, uma venda combinando e meia dúzia de géis para esquentar/esfriar, de preferência, comestíveis. Clichêzaço, mas é só o que me visualizo usando. Meu lema é me amarre, me vende e me faça mulher, ora bolas.

Acredito que, na verdade, as pessoas não saibam muito bem utilizar esse centro recreativo. Eu ainda não sei. Pelo menos, não da forma correta. Eu separo a sex shop e seu conteúdo em quatro partes: "mulher solteira procura", "casal tímido apimenta relação", "oi, não sei o que estou fazendo aqui" e "me chama de cachorro(a) que eu faço au au". Parece maluquice, mas é como se existisse um laser invisível que pudesse segmentar a loja e seus clientes.

A "mulher solteira procura" é um tipo invejável. Tirando a parte do solteira, eu gostaria de ser assim (não por horror à solteirice, mas por estar muito bem acompanhada). Ela é a mulher que sabe o que quer para seu prazer, seja individual ou coletivo. Sem mimimi, elas entram na loja procurando o vibrador com a melhor potência, o mais silencioso, o mais rápido, o prazer prolongado, o discreto, o trambolhão pra brincar em casa, o portátil para viagens... Cinta-liga? Só se for para completar a fantasia de melindrosa no Carnaval, a "mulher solteira procura" quer prazer e ponto.

O "casal tímido apimenta relação" é um clássico. Quando juntos são fofíssimos, olhando tudo e não levando mais que um dadinho de posições. Eles bisbilhotam toda a loja suando nas mãos entrelaçadas, enquanto as meninas ruborizam com os consolos gigantes. Já vi esse tipo de casal em ação, é cute, mas triste porque ela vai continuar fingindo orgasmos e ele procurando pornografia hardcore na internet. So sad.

O tipo "oi, não sei o que estou fazendo aqui" é unissex e costuma chegar em grupos. Causam o momento vergonha alheia nos donos de sex shops, já que parecem a equipe do CQC, arrasando nas piadas de duplo sentido (sarcasmo detected). Daí descambam para simulação de sexo anal com pênis de 25cm. Quando menos se espera, homens se enroscam em boás e dançam o cancan para meninas que caem na gargalhada com vaginas artificiais de espuma. Após 2 horas de gracinhas vergonhosas, o "oi, não sei o que estou fazendo aqui" vai embora com uma caneca em forma de seio no bolso. Provavelmente, o único seio que ele irá encostar até amadurecer.

Já o cliente "me chama de cachorro(a) que eu faço au au" é peça rara. Essa nomenclatura não é debochada ou busca menosprezar a classe. Esses são os tipos kinky. Kinky para os meus padrões, afinal isso não é uma lista, é minha classificação fictícia, hã. Eles curtem prendedor de mamilos, plug-ins, joguinhos, vídeos e um monte de etceteras. "Aaaah, Patsy, você está se referindo aos adeptos de SM/Bondage?" Não, nada disso. O "me chama de cachorro(a) que eu faço au au" é só BEM RESOLVIDO. Acho que experimetarei anal. Opa, não gostei? Acontece, esfrega um gelzinho aqui e tudo bem. Brincadeiras sexuais topo, mas agora não, por favor coloca o strap-on e manda ver na penatração dupla. Acho muito legal conhecer seu corpo e seus limites, e isso é exatamente o que estas pessoas fazem. Invejável, não?

A despeito desses tipos que eu formulo em minha cabeça, existem duas coisas muito particulares à sex shop: o medo e a ignorância. Situação comum é ver mulheres que recorrem à loja quando seus relacionamentos já estão afundando. A insegurança causada pelo distanciamento do parceiro cria fantasias na cabeça da mulher desolada. Em contrapartida, o que ela faz? Recorre à loja de artigos eróticos para comprar tudo aquilo que a suposta ou verdadeira amante usaria. Porque sex shop é coisa de amante, em sua cabeça. Lingerie sensual, gel, strap-on? COI-SA DE PU-TA.

Meninas, por favor, né? Pediu pra parar, parou. Se calcinha comestível salvasse relações fracassadas, não existiria divórcio nesse mundo. Sex shop não é último recurso, muito menos recanto de prostitutas.

Eu acredito que um relacionamento saudável seja construído com amor, amizade e MUITO SEXO. Sexo feito, falado, dicutido, analisado, sussurrado e VARIADO. Palmas para quem consegue ser feliz com arroz com feijão todo dia, mas, com o perdão do trocadilho mais batido da história das piadinhas sexuais, eu também gosto de fast food, caldos, comida alemã e bastante pimenta. Então, da próxima vez que eu pisar em uma sex shop, não sairei de mãos vazias, mesmo que eu compre apenas um par de algemas de pelúcia, uma venda combinando e meia dúzia de géis para esquentar/esfriar. Posso ser clichê, mas MIDIVIRTO.


Texto levemente inspirado nos papos que surgem no nosso CHAT no Orkut e nas histórias de vida da Agrilla hahaha

Besos,

Patsy

patsy@corporativismofeminino.com
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Patsy


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