Confesso pra vocês, um pouco envergonhada por ter que admitir esse fato: comecei com o stalker desde que conheci a internet, quando eu tinha treze anos. Sei que é cedo para conhecer tal vício, mas se a gente soubesse como é...
Antes do orkut, eu era stalker mas não sabia. Na era dos IRC’s, tudo era mais difícil, não existia depoimento secreto e quase ninguém usava e-mail pra outra coisa que não fosse referente a trabalho. MSN era o maior vício. Láááá na versão 1.1.1 de 1245 a.C, quando as pessoas usavam nicks como “Carlinha 18” e “Vampirinho”, MSN era mais uma ferramenta de bater papo. O stalker era como tirar leite de pedra. Pra conhecer a fofoca, era preciso ter algum grau de intimidade com o interlocutor, o que deixava a fofoca no mesmo nível da praticada pelo telefone.
Porém, minha vida stalker mudou quando conheci o orkut. Scraps, fotos, tudo, tudo ali, no alcance de um clique. Descobri, por exemplo, que o Robertinho, aquele safado que dizia ser livre e descompromissado, era um canalha casado. CA-SA-DO! E não pensem que descobri isso porque o orkut do infeliz era um livro aberto, não... ele usava um fake pra dar em cima das menininhas, tudo isso longe do seu profile original, cuja página estampa o nome de Roberval Antunes da Rosa. A esposinha, Marilene Vieira da Rosa, nem desconfia do que seu marido faz enquanto ela dorme. Ele deixa scraps pras outras, sob a assinatura de Robertinho! Vê se pode!
Meu último namoro, confesso também, foi um inferno. Nunca antes na história de um relacionamento se viu tanto stalker por parte de alguém. Mas o Gustavão pediu. Não bastasse ele ser professor de educação física, com fama de pegador, ainda participava de comunidades da naipe: “a fila não anda, voa” e “caiu na rede é peixe”. Claro que, com tantos sinais, eu não ia dar mole né? Todo dia, de madrugada, eu visitava o perfil dele com meu fake, a Gabrielinha. Se eu o visitasse com o meu real, ele ia acabar descobrindo que eu passo mais tempo no scrapbook dele que na minha cama. Aliás, a Gabrielinha... vocês acreditam que foi só eu adicioná-lo, após colocar a foto de uma loira esbelta no perfil, para ele deixar um scrap de “oi linda!”? Achei o cúmulo. Mas, quem diria, depois da Gabrielinha meus olhos se abriram. Eles preferem as “inhas”, eu sei.
Maldito seja quem inventou os cadeados do orkut. Não sabe o quanto atrasou minha vida! A falta de acesso livre aos scrapbooks alheios tem me deixado noites em claro. Cada vez que penso nos álbuns que não posso ver, minha garganta seca, começo a tremer desesperadamente e, às vezes, tenho acessos de fúria. Meus últimos relacionamentos têm sido um desastre. Está sempre faltando alguma coisa... mas eu sei o que é! É o álbum desbloqueado das outras piranhas que não nos deixam namorar em paz!Agora entendo porque o Gustavão disse que eu era incompetente...
Da próxima vez, vou criar uma fake morena, que vai dar menos na cara...
Penélope.
penelope@corporativismofeminino.com
***Não preciso nem dizer que este texto é fictício e uma crítica à quem confunde a vida ao vivo com a vida online, certo?
Antes do orkut, eu era stalker mas não sabia. Na era dos IRC’s, tudo era mais difícil, não existia depoimento secreto e quase ninguém usava e-mail pra outra coisa que não fosse referente a trabalho. MSN era o maior vício. Láááá na versão 1.1.1 de 1245 a.C, quando as pessoas usavam nicks como “Carlinha 18” e “Vampirinho”, MSN era mais uma ferramenta de bater papo. O stalker era como tirar leite de pedra. Pra conhecer a fofoca, era preciso ter algum grau de intimidade com o interlocutor, o que deixava a fofoca no mesmo nível da praticada pelo telefone.
Porém, minha vida stalker mudou quando conheci o orkut. Scraps, fotos, tudo, tudo ali, no alcance de um clique. Descobri, por exemplo, que o Robertinho, aquele safado que dizia ser livre e descompromissado, era um canalha casado. CA-SA-DO! E não pensem que descobri isso porque o orkut do infeliz era um livro aberto, não... ele usava um fake pra dar em cima das menininhas, tudo isso longe do seu profile original, cuja página estampa o nome de Roberval Antunes da Rosa. A esposinha, Marilene Vieira da Rosa, nem desconfia do que seu marido faz enquanto ela dorme. Ele deixa scraps pras outras, sob a assinatura de Robertinho! Vê se pode!
Meu último namoro, confesso também, foi um inferno. Nunca antes na história de um relacionamento se viu tanto stalker por parte de alguém. Mas o Gustavão pediu. Não bastasse ele ser professor de educação física, com fama de pegador, ainda participava de comunidades da naipe: “a fila não anda, voa” e “caiu na rede é peixe”. Claro que, com tantos sinais, eu não ia dar mole né? Todo dia, de madrugada, eu visitava o perfil dele com meu fake, a Gabrielinha. Se eu o visitasse com o meu real, ele ia acabar descobrindo que eu passo mais tempo no scrapbook dele que na minha cama. Aliás, a Gabrielinha... vocês acreditam que foi só eu adicioná-lo, após colocar a foto de uma loira esbelta no perfil, para ele deixar um scrap de “oi linda!”? Achei o cúmulo. Mas, quem diria, depois da Gabrielinha meus olhos se abriram. Eles preferem as “inhas”, eu sei.
Maldito seja quem inventou os cadeados do orkut. Não sabe o quanto atrasou minha vida! A falta de acesso livre aos scrapbooks alheios tem me deixado noites em claro. Cada vez que penso nos álbuns que não posso ver, minha garganta seca, começo a tremer desesperadamente e, às vezes, tenho acessos de fúria. Meus últimos relacionamentos têm sido um desastre. Está sempre faltando alguma coisa... mas eu sei o que é! É o álbum desbloqueado das outras piranhas que não nos deixam namorar em paz!Agora entendo porque o Gustavão disse que eu era incompetente...
Da próxima vez, vou criar uma fake morena, que vai dar menos na cara...
Penélope.
penelope@corporativismofeminino.com
***Não preciso nem dizer que este texto é fictício e uma crítica à quem confunde a vida ao vivo com a vida online, certo?
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