quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Conflitos Homo-capilares



Sempre fui do tipo que segura a mão do cabeleireiro na hora de "aparar só as pontinhas". O trauma (olha eu, de novo, me valendo disso!) veio da infância. Minha mãe viajava muito e eu ficava nas mãos da empregada que puxava meu cabelo com força na hora de pentear. Então, eu tinha grande resistência para pentear o bendito cabelo! Até que numa das voltas para casa da minha mãe, ela decidiu: - Irei cortar seu cabelo!

Ganhei um corte curtíssimo. Passei alguns anos da minha infância sendo confundida com menino, embora minha mãe sempre me pusesse brincos. Passei a gostar de coisas de menino e a me portar como UM. Detestava brincar com meninas, elas eram tediosas. Eu gostava de correr na rua, bater nos meninos, jogar bola. Incorporei o que as pessoas enxergavam.

Mais tarde, reparei no baixote da sala de aula e descobri que, como todas as meninas (é, nem todas), eu ficava vermelha diante de alguém do sexo oposto. Deixei o cabelo crescer, mas a "primeira impressão é a que fica". Logo, não adiantou ter os cabelos até os ombros no segundo semestre, eu continuava sendo a quase-hominho.

E foi assim que cultivei frondosas mechas de cabelo até a fase adulta. Sentia-me um pouco Sansão com meus cabelos, ele que fora o tormento da minha infância passou a ser um grande álibi para conquistar mocinhos indefesos. Duas mexidas aqui e ali, a famosa dança do acasalamento...

Foi aí que reparei os ressecados das pontas do meu cabelo. Abasteci o armário do banheiro de produtos de 6g com o valor de R$100,00 mas as pontas continuavam irreparáveis. Decidi que ia cortar o cabelo e que fosse no ombro, "moderninho" como eu sou.

Liguei para minha fiel cabeleireira:

- Prepare as tesouras, vou cortar meu cabelo SUPER curto!
- Zíngara? Tá boa, filha?
- Tô, tô... Sabe, decidi me livrar dessas pontas horrorosas!
- Sim, mas você não precisa cortar muito.
- Eu sei, mas não quero meio termo. Eu tenho um cabelo grande ou um cabelo curto. Cabelo médio é ridículo.
- Então venha amanhã que nós cortamos!

No salão:

- Tem certeza?
- Claaro, oras! Manda vê! Se você demorar muito eu mesma corto!
- Ok, vamos lá!
- Sabe a Débora Falabella? Sabe quando você corta uma parte grande e outra pequena, daí fica tudo pontudo sem uma ordem? Uma coisa meio assim "Meu filho de 3 anos está treinando seus dotes de barbeiro no meu cabelo". Pronto, faça uma barbeiragem! Isso...
- Pode deixar, vou cortar... Quem é Débora Falabella mesmo?
- A Débora, po, aquela que namorava o Foguinho na outra novela.
- Hãm... (Cara de quem não entendeu)

Manicures me olham:

- Você gostou?
- Adorei, me sinto 10 kgs mais magra.

Mãe, filho e irmão me olham:

- Você gostou?
- Adorei, escondam os porta-retratos onde estou com cabelo grande.


Sim, passei 3 dias seguidos balançando a cabeça de um lado pro outro. Um test-driver mesmo, a sensação, a leveza... E, sim, a infantilidade.

Ora digo que terei o cabelo sempre curto. Noutras digo "Não vejo a hora disso aqui crescer". Sou o tipo de pessoa que merecia ter umas 8 perucas no mínimo.

O meu conselho é que vocês cortem o cabelo ao menos uma vez na vida só para balançarem a cabeça mesmo...

Zíngara








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Postado por
CF


às
19:50












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