quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Borboletas no estômago





Eu já tive muitos amores. Amor de colégio, amor de verão, amor de inverno, amor-que-não-era-amor-mas-sim-paixão, amor de pic carnal, amor romântico, amor não-correspondido... você está com tempo? Porque a lista se estende. E eu nunca tive um bom desconfiômetro ou uma intuição aguçada, quiçá um sexto sentido, que me fizesse sacar se o amor era amor ou CILADA.
Aaaaah, as ciladas. Eu só vejo que, com o perdão da palavra, essa porra vai dar merda quando ela está a dois milésimos de segundos de acontecer. E daí em diante é ladeira abaixo. Especialmente porque nestes momentos a vida é irônica e, diria eu, levemente sádica, me fazendo repassar o refrão de "Cilada" do Molejo, em loop, na minha cabeça. Gente, o inferno é aqui, viu? Bem aqui, dentro da minha cabeça.

Por exemplo, durante um passeio romântico por uma bela e arejada praça com Roberto, amorzinho dos meus 15 anos (faz teeeempo), que COM TODA A CERTEZA ficaria comigo para sempre, uma menina se aproxima e conversa com ele por 20 minutos sem notar minha presença.
  • Não sou apresentada à criatura. Hmmm, ruim.
  • Ela passa as mãos nos braços dele o tempo todo. Hmmm, péssimo.
  • Ela pede para ele mandar beijos para seus familiares. Iiiih, essa porra vai dar merda.
Sobe a cortina:

- "Nossa, essa menina deu em cima de você des-ca-ra-da-men-te na MINHA frente!", digo, revoltada.
(desconfiômetro apita fraquiiiinho)

- "A Perséfone? Ah, é que eu saí com ela ontem", diz o patife NA CARA DURA.

(desconfiômetro falido pede desculpas esfarrapadas)

- "Você saiu... o quê?", gaguejo.

(Não era amor)

- "Saí com ela. Nenhum problema, né? Afinal, a gente não tem nada sério", afirma enquanto acende um cigarro.

(Ô, ô)

- "Aaanh... ééé... não, né? Mas eu achei...", engasgo em minha própria saliva enquanto procuro quem roubou o chão sob meus pés.

(Não era)

- "A gente está se divertindo, não é mesmo?", indaga enquanto segura meu rosto com as mãos. A fumaça do cigarro me sufoca. Já não sei se meus olhos estão marejados de tristeza ou intoxicação.

(Insira aqui uma onomatopéia que represente meu coração sendo esmigalhado em pequenos pedaços)

- "Aaaanh... estamos?", chorooooosa. Era choro, mesmo.

(Não era amor, eraaaaaa...)

- "Mas é muito mais divertido se eu tiver vocês duas", diz levando suas mãos para minhas nádegas. Éééé.

(CILADA, CILADA, CILADA, CILADA, CILADA, CILADA)

E essa é a história da minha vida. Entre chopes e compras astronômicas em lojas de departamento, eu basicamente estive partindo meu coração pelas ruas desse Brasil-sil-sil. E tudo isso, aliado à completa ausência de um gaydar, já causou estragos quase irreparáveis. Quase. Até porque sempre existe uma luz no fim do túnel, mesmo que você se recuse a enxergá-la e utilize recursos tão clichês quanto álcool, comida e CDs do Placebo para afogar as mágoas.

Mas, como dizem, cara feia para mim é fome e desgraça pouca é bobagem. Então, recém curada de uma paixonite avassaladora, eu me jogava em outra, pelo simples prazer da emoção e da busca. E dá-lhe borboletas no estômago e gagueira galopante.

E eu dei essa volta inteira para dizer que eu não possuo foco todas essas sensações voltaram. E o "sortudo" da vez é Corporativismo Feminino. Desde que a querida Zíngara me convidou para escrever por aqui de vez em quando, tenho sofrido de borboletas no estômago e ansiedade crônica. E escrever este primeiro texto para o CF está sendo tão difícil quanto iniciar um bom relacionamento, daqueles que podem causar suor nas palmas das mãos e noites em claro.

E, no fundo, é bastante engraçado que, agora, com todos os traumas amorosos superados, as sensações de nervosismo novamente me atinjam e me sacudam. Mas confesso que levar esse sacode será uma experiência deliciosa. Especialmente por ser uma experiência sem Molejo na trilha sonora!

Besos, besos!

Patsy








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Patsy


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06:00












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