quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Teses de Lutero, parte II



Aqui, continuo a tentar chegar ao número que lutero chegou, 95, e continuo a enumerar o que mais odeio nas pessoas (inclusive eu mesma às vezes, ou o tempo todo, em um ou mais defeitos).

Para quem não leu a primeira parte, acompanhe aqui!

Dedico esse texto à minha amiga Bruxa Beiçola que, apesar dos pesares, das decepções, das humilhações, da perda da auto estima, da perda momentânea da sanidade mental, da descrença dos amigos e familiares, do ridículo e do escárnio sofridos, jamais abandonou sua paixão, o Botafogo, mesmo nos momentos mais dolorosos e extremos desse relacionamento.

13) “Cerumanos” quadrúpedes

Pois não conseguem utilizar os pés para se locomover, mas apenas as quatro rodas. Não abrem mão do carro, precisam dele seja para ir até a padaria da esquina, ou mesmo quando moram na porta do metrô (e o local onde vocês combinaram de se encontrar também fique perto de uma estação).

Essa situação piora em se tratando de shopping. Há diversos shoppings em São Paulo junto às estações de metrô, e o sujeito prefere, mesmo assim, ir de carro, sabendo que levará horas para achar uma vaga no estacionamento.

Ou então sexo. Acham que drive-in é sempre uma boa pedida ou, pior, o sexo de improviso dentro do espaçoso Ka dele, o qual muitas vezes o Zé-Ruela nunca levou para um lava-rápido desde que está com ele.

14) “Cerumano” auto-suficiente

Quando acha que pode tudo, agüenta tudo, consegue tudo, e não divide, não se abre em relação ao problemas, nem pede ajuda para nada.

Mas, ao agir dessa forma, fica irritado com qualquer coisa que você diga ou não diga, o que quer que você faça ou deixe de fazer. E você fica sem a menor idéia do que causou essa irritação toda.

E, sozinho, ao tentar fazer tudo, não consegue fazer coisa alguma direito. Talvez se permitisse, ao menos uma vez, pedir sua opinião ou sua ajuda, poderia ter se poupado de muitos aborrecimentos, não teria cometido tantos erros ou sequer engolido algum sapo.

15) Minha opinião, Minha honra

Ou seja, você dá uma opinião contrária, fazendo uma crítica ao ponto de vista de outra pessoa e o que acontece?

Ao invés de tentar interpretar a crítica, analisar os motivos que a justificaram, o criticado toma essas observações como crítica pessoal. Esquece-se completamente do mérito do argumento e passa a atacar a postura, as atitudes e até o caráter da pessoa que ousou contrariá-la, utlizando-se de fatos e argumentos totalmente distantes do foco da discussão.

Nisso, a pessoa atacada entra no jogo e entramos num redemoinho, tal como os judeus e palestinos se encontram até hoje.

16) Religião enquanto disfarce...

para seus próprios desejos, expressos na ladainha que ouvimos dessas pessoas: “Deus não quer isso”, “Se Deus quiser, ganharemos” ou mesmo “Ai, Meu Deus, faça com que ele seja meu!”. Nessas horas, imaginemos a quantidade de arcanjos que ficam analisando nossos pedidos, minuto a minuto, segundo a segundo. Deve haver um mainframe com capacidade ilimitada por lá.

Seria bom maneirarmos isso, porque aqui entramos em duas questões:

a) O problema não é pedir. É pedir por qualquer coisa, em qualquer momento ou, pior, o tempo topo. Denota, ironicamente, uma falta de fé, seja nos desígnios divinos, seja nas suas próprias capacidades.
b) Disfarçar seus pontos de vista, muitas vezes retrógrados. “Deus disse que o aborto é pecado” ou então “Deus é contra o casamento gay”. Caramba, o que há de ruim em assumir que é contra o aborto e que não gosta de homossexuais? Ah, talvez quando estiver com uma gravidez indesejada, ou o filho virar carnavalesco, a pessoa irá relativizar isso e dizer que Ele se enganou?

Uma vez estava em um happy hour, e um colega nosso disse que era “católico fervoroso”. Nisso, uma de minhas colegas, naturalmente sincericida, ainda mais naquela hora por ter tomado todas, perguntou: Católico fervoroso? Então você permanece virgem até a hora de se casar?”

17) Você é voluntária, e daí?

Não sou religiosa, mas creio que esse seja o melhor conselho da Bíblia: que uma mão não saiba o que faz a outra. Ou seja, se você tem tempo e disposição para ser voluntário em alguma obra social, ótimo, fico feliz por você. Mas isso não te dá, automaticamente, credibilidade. Insista em se auto-promover nesta questão e vão acabar falando pelas costas que você faz isso muito provavelmente para compensar o fato de você ser uma péssima pessoa em todo o resto.

Há exceções, naturalmente, mas, muitas vezes, o jovem – seja por vontade própria, seja "incentivado" pelos próprios pais – torna-se voluntário pelos mais diversos motivos, até, vai, ajudar os outros. A desculpa oficial é fazer amigos, o que significa, nas entrelinhas, a chance de conhecer gente (bonita, de preferência) do sexo oposto.

E isso acaba se tornando um tiro no pé. Trabalhava em uma paróquia dando conselhos sobre planejamento familiar e, de repente, uma das colegas voluntárias engravidou de outro moleque também de nossa paróquia. Aí, com que cara falaria desse assunto com as pessoas dali para a frente? Isso foi a cereja na torta para que eu deixasse o voluntariado, mas isso é outra história.

18) Dinheiro não é tudo, mas...

Esse clichê, muitas vezes, serve de escudo para a estagnação, para a preguiça. O autor dessa "pérola da auto-ajuda" posa de alternativo, mas sempre tem, por algum motivo, alfinetar o carro novo do amigo bem-sucedido ou então a suntuosidade da casa da praia da família de outro amigo, mesmo tendo passado dias maravilhosos por lá.

E, numa briga qualquer, solta outra pérola: “Porque você não corre atrás do seu amigo riquinho?”. Frase essa que derruba a máscara de pessoa alheia ao materialismo. No fundo, fica ressentido com qualquer pessoa, sobretudo aquelas que arregaçaram as mangas, e demonstraram mais esforço, coragem e fé em si mesmas, recebendo merecidamente mais bençãos e benesses por conta disso.

19) Ser idealista, porém...

Desfrutar de tudo do bom e do melhor, mesmo sem saber que muitas dessas coisas das quais desfruta vieram graças à ideologia que tanto combate, que tanto odeia.

Olha, nada contra usar uma camiseta do Che Guevara (cujo filme irá estrear logo por aqui, com o Benicio del Toro), ser contra o presidente americano do momento, ficar indignado pelo fato de darem US$ 1 trilhão para os bancos e não para os famintos, ou ser a favor do meio ambiente, militando no Greenpeace.

O problema, por exemplo, surge quando o cidadão se revolta com o capitalismo, mas cursa uma faculdade, cara, seja pela mensalidade absurda, seja por ser custeada por nossos impostos. E quem banca seu idealismo é o pai, muitas vezes, executivo de uma multinacional das mais típicas do capitalismo que ele odeia tanto. Tanto que, enquanto você chega de ônibus na faculdade, e é logo criticada por ele por escolher trabalhar numa empresa que, entre outros absurdos, agride o meio ambiente, o idealista veio sozinho, de carro, equipado com ar-condicionado, cujo gás é um dos que mais prejudicam nossa atmosfera, mas para quê saber disso, né? Chato demais...

Ou então usar uma bandeira do Tibete no carro, na camiseta, mas continuar a comprar produtos chineses...Francamente, quer mudar o mundo? Adote posturas e atitudes condizentes. Não se limite aos discursos.

20) Pessoas que acham que seu exemplo é universal...

E acham que sua excecão é regra. Preconceito racial, machismo, o fato da sogra ser uma droga, o que for, acham que isso não existe ou não é verdade, só porque dizem “Eu sou negro e nunca sofri preconceito dos meus professores, dos meus amigos, etc etc” ou então “Acho que isso não é verdade porque MEU namorado não é assim”.

No caso do preconceito racial, de fato, graças a Deus, cada vez mais encontramos pessoas que tratam as outras com igualdade por pura convicção, mas há ainda as que fazem apenas "por educação" ou para simplesmente não serem presas em flagrante e processadas. A cortesia ainda é aparente. Fica a sugestão de ir a um orfanato e fazer um perfil das crianças que estão lá. Quais as que saem mais rapidamente e quais acabam ficando por lá...

21) Tenho orgulho das minhas características mas...

por que ficar na paranóia de mudá-las? É, se você pensou que caí no exemplo fácil da chapinha, acertou...

Pessoalmente, gosto de cabelo ondulado e do crespo também. Outro dia, vi uma entrevista com a Taís Araújo, ao natural, e ela estava simplesmente linda. Aí não entendo o porquê das mulheres lutarem tanto para manter o cabelo liso, mesmo que fiquem parecendo um Afghan Hound depois de uma sessão de escova.

Ou então, as orientais e as cirurgias para arredondar os olhos, bem como tingir seus belos cabelos pretos. Uma amiga minha, japonesa, pôs na cabecinha dela que havia sido descartada numa entrevista de emprego por ser "oriental" demais. Nisso, fez essa cirurgia na dobra dos olhos, com injeção de gordura, não tenho certeza...

O fato é que, ao sair do hospital, parecia que havia sofrido uma grave violência doméstica. Hoje, ficou um pouco melhor, mas ainda parece que ela está com um par de tersóis...Menos mal que ela não tenha inventado de pintar o cabelo.

Ao fazer essas cirurgias para arrendondar os olhos e pintar os cabelos, as japoneses, coreanas e chinesas estão cada vez menos japonesas, coreanas e chinesas e cada vez mais...putas tailandesas.

22) Pessoas que se acham acima de tudo...

e ficam criticando, do alto de um pedestal, a imprensa sensacionalista, as fofocas do momento, o Big Brother, mas, ao criticar, demonstram que sabem tão bem ou bem mais do que as pessoas que admitem ter um interesse, ao menos para ver as palhaçadas ant(ropol)ógicas que acontecem nesses programas.

23) Pessoas Cristalizadas

Trata-se daquelas pessoas que ficaram cristalizadas no passado, seja quando tinham um bom emprego, eram jovens, eram magras ou quando namoravam fulano. Para essas pessoas tudo que vier depois, especialmente o que for de ruim, não aconteceria se ela estivesse na situação da qual tanto tem saudade.

O curioso é que nem sempre esse passado está definitivamente morto e enterrado, estgá ao alcance da disciplina em seguir a dieta mais do que sabidamente necessária, da determinação em resgatar a carreira, o orgulho profissional, ou mesmo vergonha na cara para perceber que a vida vai muito além do fulano(a) que você amava, e que muito provavelmente também está pensando em você, quando ele sai (e faz sexo) com outros (as).

24) Pessoas que pensam no futuro mas...

Paralizam a vida no presente. Colocam a felicidade, os projetos, a vontade de viajar - dele e A SUA - na gaveta, à espera de um grande acontecimento, passar na faculdade, ser aprovado em um excelente concurso público, ser promovido, ganhar na Mega-Sena, etc.

Todos temos que ter um planejamento, metas a seguir na vida. A questão é que os anos passam, e os amigos, parentes e amores terão mais o que fazer enquanto o sujeito espera as condições perfeitas de "temperatura, umidade e pressão". Se esquecem de que fazer sexo, namorar, viajar, curtir os amigos não são fatores de dispersão, mas muitas vezes são compromissos necessários para que a pessoa mantenha a sanidade mental necessária para manter o foco em seus objetivos. E, mesmo que prescinda dessas coisas e consiga, chegará sozinha no topo...Ou então, enquanto se mata para conseguir as coisas, um vaso cai na cabeça...

Exemplo triste disso foi uma tia minha. Programou-se para curtir a vida quando viesse a aposentadoria. Mas o câncer chegou primeiro...

Uma pessoa bem sucedida é a que melhor consegue fazer render seu tempo, não seu patrimônio...

25) Pessoas sem identidade própria

São aquelas pessoas que atrelam sua identidade, sua vida, sua classe social, ao trabalho, aos pais, ao cônjuge.

Podemos citar os Workaholics que, no tempo livre, não conseguem soltar-se completamente, porque não conseguem se desconectar de seu papel profissional. Levam notebooks, celulares, o que for, para onde quer quer forem nas férias, movidos pelo ego, que o faz acreditar ser indispensável.

Outro exemplo são as mulheres que se escondem por trás do marido ou se aproveitam do prestígio dele, e, mesmo depois de separadas, não abrem mão do sobrenome dele, casos da Marta Suplicy, Luiza Brunet e outras.

Ou, em um nível mais ordinário, o(a) fulaninho(a) que se apóia no(a) namorado(a) como muleta, cai diversas vezes no chão, ou se não conseguir se agarrar a outra muleta durante a queda, dificilmente conseguirá se erguer quando as pessoas forem embora de vez..

26) Síndrome de Dory

A Síndrome de Dory ocorre quando uma pessoa pretere um grande amigo(a) diante do que lhe for prioritário no momento.

As pessoas, de forma compreensiva, confundem a Síndrome de Dory com uma singela manifestação de egoísmo, ou mesmo de ingratidão, para com amigos que, em diversas ocasiões, ajudaram-nos em um momento de desespero ou de dor.

Contudo, da mesma forma que o peixinho esquecido do filme "Nemo", que dá nome a essa síndrome, as pessoas sofrem de perda de memória a curto prazo.

Tal deficiência é causada pelo fato do doente colocar uma prioridade qualquer à frente de qualquer coisa. Em certos casos, a prioridade invariavalmente recai sobre a necessidade de estar sempre em algum relacionamento. Nesse sentido, a única coisa que a pessoa lembra são dos aspectos sensoriais do relacionamento, ou seja, ela vai se lembrar apenas do toque, do beijo, do quão bom o sexo foi, e pouca coisa além.

Dessa forma, estando centrado(a) no objeto de sua atenção, a pessoa procura descartar qualquer fato desagradável que lhe tenha acontecido antes ou durante essas lembranças sensoriais, para não perder o foco. Querer esquecer algo, em si, não é o problema. Porém, tal esquecimento muitas vezes envolve ignorar também quaisquer manifestações de solidariedade de amigos durante esses períodos de rejeição ou de humilhação.

Assim, não é surpresa esses mesmos amigos, quando precisarem de colo, serem sumariamente descartados pelos portadores da Síndrome, que irão evadir-se para os braços da pessoa que preencherem o vazio da pessoa naquele momento.

Embora seja um fenômeno bem conhecido, ainda não há uma cura definitiva para a Síndrome. O efeito do sinceridício ainda causa controvérsia na comunidade científica, simplesmente porque a capacidade de memória e de empatia não mostrarem sinais definitivos de melhora com a utilização dessas abordagens.

Diante desse quadro, recomenda-se que se diminua paulatinamente o grau de amizade com os portadores. Não se mostrem prontamente disponíveis para dar colo ou um ombro amigo, pois isso só piora os sintomas. Talvez a cura esteja relacionada ao ostracismo social.

Afinal de contas, mesmo com todas as nossas boas intenções, o que for prioritário continuará assim, até mesmo diante da mais altruísta e abnegada das amizades.


27) O mito da pessoa decente...

Desconfiem mesmo quando a pessoa de seu interesse se considerar uma pessoa decente. Pessoas que realmente se acham decentes, imbuídas dos princípios mais nobres, que só têm pensamentos e desejos bons, acabam sendo os que poderão nos decepcionar, ou mesmo machucar, da pior forma.

Quem fica o tempo todo comprometido em ser bom em todos os aspectos da vida fará coisas que definitivamente serão ruins, mas, nesse comprometimento, dificilmente se dará conta que as fez. Em virtude dessa pressão auto-imposta, acabam caindo mais facilmente na contradição e na incoerência e, nisso, acabam jogando a raiva e violência muito mais em cima de você, do que neles mesmos, já que não admitem que possam ter sentimentos ruins, sequer por um segundo.. Sendo assim, muitas vezes, é melhor um "canalha", com o qual você sabe como lidar, do que um pretenso bonzinho, que pode se revelar um campo minado...


TEXTO escrito por Suellen








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Postado por
Sarita


às
01:08












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