quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Minha vida em agendas (ou diários)



Não lembro bem quando escrevi em um diário pela primeira vez. Tenho uns micro textos espalhados em alguns caderninhos meus, falando coisas como "minha melhor amiga é a não-sei-quem". Mas comecei a escrever quase diariamente mesmo em 1997. Curiosamente, foi um ano cheio de emoção. Primeira menstruação, namorinho com o melhor amigo, quando ganhei minha cachorrinha (forte e linda com seus 13 anos, hoje em dia!)... Tá tudo lá.

Desde aquela época tenho quase todos os dias que vivi documentados com precisão até 2007. Em alguns anos, chegava a anexar folhas de caderno em alguns dias e lotava de pensamentos e emoções. Daí em diante, a escrita em folhas de papel perdeu a graça... Continuei comprando a agenda do ano para eventuais acontecimentos, mas passei a me dedicar mais ao meu blog pessoal, que já existia desde 2003.

Minhas agendas, de 1997 até 2009. Minha vida em algumas milhares de páginas ;)

Nunca abandonei esse meu vício e hoje agradeço por isso. Às vezes os livros não me bastam, e eu preciso recorrer às minhas memórias espalhadas em diários e blogs para aprender um pouco mais sobre mim e sobre a vida. Afinal, quem disse que relembrar não é aprender? Aprender com os erros, perceber como você cresceu, quantas coisas boas você viveu, como aprendeu a lidar com situações que antes pareciam bichos de sete cabeças? Você passa a dar mais valor a quem merece e à sua vida e às suas experiências!

É bizarro ler certas passagens da sua vida. Você se pergunta: porque raios eu desperdicei sentimentos com essa pessoa? Porque eu briguei com fulano? Jura que cicrano gostava de mim? Então foi assim que eu me senti depois de tomar um fora de beltrano? Por que eu era tão extremista e intolerante? Foi assim que me senti no primeiro show grande que fui? É engraçado. A gente se sente velha. Velha mesmo. Certeza que todo mundo quando criança imaginava que aos 20 e poucos anos estaria velha, casada e os carros voariam. Que nada! Tâmo aí, na correria do dia-a-dia, batalhando pelo direito de ser feliz solteira ou tentando equilibrar relacionamentos com a vida profissional, cuidando de filhos até. Mas sem carros voadores nem dezenas de filhas com os nomes que davamos às nossas bonecas - as minhas eram Isabella, Beatriz, Giovana, Natasha e Daniela. Hahaha.

Ao mesmo tempo, é fantástico parar e pensar que você viveu momentos maravilhosos perto de amigos que você nem sabe mais da existência. E avaliar a sua forma de escrita, então? Aos 14 anos eu tinha um vocabulário pobre, lotado de gírias da época. Hoje escrever é minha profissão.

E o meu comportamento? Eu era tímida, tinha um grupo de amigos restrito. Tinha mil segredos que me atormentavam. Era alvo de bullying na escola. O ambiente caseiro era tenso e nebuloso. Algumas dessas coisas desapareceram com o tempo. Outras foram se adequando, afinal, o homem tem uma capacidade incrível de se adaptar. E outras, ainda, descobri um novo modo de agir.

Se um dia eu tiver filhos, vou incentivá-los a escrever em diários. Além da importância que tem para quem escreve, que acaba tendo um maravilhoso confessionário e aperfeiçoando a escrita e a forma de pensar, ainda é, acreditem ou não, um documento histórico. Tentem lembrar de grandes acontecimentos que marcaram o Brasil e o mundo entre 1997 e 2007: tá tudo lá, nas minhas agendas. O 11 de setembro, Bush, FHC, Lula, tsunami... O choque, a felicidade, a raiva, o assombro diante de alguns desses acontecimentos, tão lá. No futuro, dá até pra saber como alguns grupos etários/sociais encararam tais momentos marcantes.

E vocês, tinham agendas/diários? O que escreviam nele? O que sentem ao reler, hoje em dia?

Beijo!

anamyself
anamyself@corporativismofeminino.com








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Anamyself


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