Como toda mulher, eu tenho um amigo colorido. Aquele que posso ligar a qualquer hora; que preenche o vazio (sem trocadilho, por favor); que consola; que está sempre disponível para mim.
Na verdade eu tenho vários amigos coloridos, mas tem um que percebi ser especial: o Bruno.
O Bruno sempre foi tão presente na minha vida que eu mal percebia sua importância. Nunca tivemos nada sério, nem perto disso. Nunca sequer pensei em engatar algo com ele.
Nossa primeira mão de tinta na amizade foi no ensino médio: não éramos da mesma turma, mas os eventos aconteciam para todo o colégio, e eu era responsável por um deles - a apresentação de uma peça! Fiz todo o roteiro, figurino, estava tudo perfeito até que o responsável pelo som não apareceu! E adivinhem quem me salvou? O Bruno. E foi no meio daquela aflição para dar tudo certo, para impressionar professores, direção e alunos, que, naquela salinha apertada do som, dividindo uma cadeira minúscula, ele me abraçou e disse “Calma, você foi excelente, todo mundo vai adorar”, eu não resisti e dei-lhe um beijo (confesso que mais por carência do que por desejo), esqueci de toda a platéia, e só fui lembrar do meu elenco nervoso quando nos pegaram na tal sala. A peça foi muito boa, mas o beijo que foi motivo de excitação entre os alunos por dias.
Estaria mentindo se dissesse que já fui apaixonada por ele, a história ficaria bem mais bonitinha, mas nunca fui. Ele já se disse apaixonado por mim, mas ele disse isso para tantas! É o famoso galinha, pega as que pode e as que não pode.
Ah! Ele morou comigo um tempinho, eu já morava sozinha na época do colégio (vocês saberão o porquê no próximo post), e um dia ele brigou com a família e decidiu que para casa não voltaria. Revolta típica de adolescente. Então ele ficou na minha casa por mais ou menos dois meses. Foi engraçado, e uma época incrível, afinal, que jovem de 16 anos pode assistir filme até amanhecer, ir para o colégio de ressaca (e até mesmo com a roupa da festa por baixo do uniforme), comer na hora que bem entende, chamar 15 amigos para uma festinha em casa no meio da semana, e várias outras coisas do tipo?! Nós aproveitamos.
Tivemos confusões também, tipo quando eu estava namorando, e ele, para se livrar de uma guria, se disse meu namorado. Ihhh foi um problemão para explicar para o meu namorado DE VERDADE que se tratava só de uma desculpa. Isso já não tem tanto tempo assim.
E o reveillon em que eu estava revoltada?! HAHAHAHA
Dia 31/12 e eu não tinha onde ir passar o reveillon, minhas amigas todas já tinham viajado, eu fiquei no pé do Bruno para me levar para uma praia, já que moramos perto de várias e ele estava sem planos. Ele não quis ir. Eu peguei uma mochila, e decidi ir sozinha para a praia mais próxima que ainda tivesse ônibus saindo, ele tentou me convencer a ficar, usou todos os argumentos possíveis, inclusive que eu não chegaria viva saindo com um ônibus meia-boca de última hora. Para minha infelicidade, ele estava certo, era um ônibus caindo aos pedaços, e no meio da estrada deu defeito. Como muito puta eu estava, desci e resolvi que iria de carona, mas que chegaria meia-noite em alguma praia! Quem passa na minha frente? O próprio. Lembro perfeitamente do sorriso em seus lábios, nem precisava dizer “eu avisei”, ele sabia que estava certo e que eu sabia que ele estava certo. Maldito!
Paguei muitos micos com ele. Tipo quando resolvemos ir para um congresso caríssimo. Dois universitários lindos e, cof cof, bem sucedidos não poderiam ficar em um hotel qualquer, ficamos em um 5 estrelas, e adivinhem só, descobrimos o serviço de quarto como um criança descobre um playground. O problema foi na hora de pagar a conta. Ele todo metido a homem bem resolvido disse “eu pago”, trinta minutos depois ele volta para o quarto, todo sem graça, e diz “falta 20 reais, você tem aí?”. HAHAHAHAHAHA
Se eu for relatar cada mico que já pagamos não caberia em um post só. Isso que o torna especial. Ele me conhece melhor que qualquer um! Ele sabe meu perfume favorito, sabe que eu odeio pizza e adoro milkshake de nutella, sabe por quantos já morri de amores e quantos já odiei, sabe que sonho em conhecer o mundo inteirinho, sabe do meu egoísmo excessivo, sabe da minha paixão por bolsas. Sabe mais de mim do que qualquer outro. Ele que fez minha descrição pro blog!
Ah, eu disse que não presto. Agora eu explico. Quando eu estava basicamente namorando dois caras ao mesmo tempo, no meu aniversário, um me deu um DVD legalzinho e o outro me deu um IPOD. Eu olhei para os dois presentes, pensei “um não quer gastar demais comigo, o outro quer, mas só para impressionar. Mas taqueopariu, custava dar alguma coisa que eu realmente gosto?”. E o Bruno aparece com um Nina Ricci! Um dos meus perfumes favoritos. Nem pouco nem muito, na medida certa. E foi nesse dia que o notei.
Bom, daí que ele estava aqui em casa nesses dias festivos, viu esse texto pseudo-pronto sobre ele (maldita mania de deixar meu computador ligado!), e me disse em tom inquisitivo “Só olhou para mim por causa de um perfume?! Você não presta! Isso porque nem vou comentar outras partes desse texto. Você realmente não presta”.
Pois é, eu não presto. O fato é que ele está com raivinha (piorou depois que eu disse que ele estava dando xilique de moça), então dei um jeito de não chamá-lo de gay, pedir desculpas, e ainda postar no blog!
Desculpa, Bruno. Você vai muito além que um perfume!... Se bem que é um Nina Ricci *-*... Ok, parei.
Ah, já ia esquecendo, as últimas palavras dele antes de sair com raiva foram “E EU TE DEVOLVI OS VINTE REAIS!!!”. Ele devolveu mesmo, fato.
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Para quem me ama ou odeia:
dramaqueen@corporativismofeminino.com
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