quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Alô alô Paiol eu gosto de você




Ontem foi 10/10/10, o que me fez pensar na época em que eu tinha 10 anos. Nessa idade, viajei pela primeira vez ao Paiol, um acampamento no interior de São Paulo, pertinho de São Bento do Sapucaí.

Eram férias de julho, um frio de rachar.

Meus pais me levaram de carro, lembro-me bem. Dormimos em uma cidade com cheiro de biscoito antes de prosseguirmos, no dia seguinte, para aquela que seria minha casa (na verdade um chalé) durante um mês.

Um mês pode ser um século para quem tem 10 anos.

Quando paro para pensar, acho que acabei mesmo aprendendo lições para um século de vida...

Sabe quando a gente volta de férias e a professora pede para escrevermos uma redação?

A minha começaria assim: No Paiol eu aprendi...

... A arrumar a cama todos os dias, tendo o cuidado de olhar embaixo do estrado para ver se não tinham beirinhas travessas de lençol dependuradas pelas gretas: a gente perdia ponto na inspeção.

... A dormir sem me mexer, pois o frio era tão grande que eu só conseguia manter aquecida a parte do colchão ocupada por mim. Se chegasse um centímetro pra direita ou esquerda, ai, que lençol gelado!!!!

... A tomar banho contando os minutos, pois tinham quase 30 colegas disputando os chuveiros.

... Que pensar em equipe pode ser mais divertido do que pensar sozinho.

... Que apesar de ser péssima em esportes, sempre tinha alguém me convidando pro seu time, afinal de contas a amizade vale mais.

... Que mesmo que nos achemos péssimos em esportes, é sempre possível que alguma modalidade nos surpreenda e diga "ei, você leva jeito pra isso!" - No meu caso, foi o tiro ao alvo (por mais surreal que isso pudesse parecer na época).

... Que escrever cartas para quem faz falta pode ser mais do que um passatempo - e se tornar uma declaração de amor.

... Que receber cartas de quem se ama pode mudar o dia - ou a semana.

... Que as pessoas que pensam que escalar montanhas cura medo de altura estão absurdamente enganadas!

... Que a vista da pedra do Baú e do Bauzinho pela janela do segundo andar de uma beliche compensa qualquer colchão gelado e estrado duro.

... Que ter dor de garganta fora de casa é que nem dor na alma.

... Que quando bate a saudade, dá vontade de chorar só de ver o nome da gente escrito em cada pecinha de roupa (obra de uma mãe zelosa)...

... Que apesar do zelo da mais querida das mães, é impossível não passar horas procurando suas roupas no meio de outras duzentas de suas colegas, assim que elas voltam em forma de "trouxas" da lavanderia.

... Que comer bife de fígado não é tão horrível se a gente tampar o nariz e pensar em brigadeiro enquanto engole.

... Que mingau no café da manhã pode virar pudim na janta, ou vice-versa. E se você não comer, bem... Aí não come, simples assim!

E que quando uma música é cantada em volta da fogueira, a gente não esquece nunca mais, nem depois de muitos, muitos, e muitos anos...

Alô, alô Paiol, eu gosto de você...
Tchibum, Tchibum, chaiá, chalaiálaiálaiá...
Quando ele se vai tudo é desprazer
têm-se a impressão de que se vai morrer
Mas eu amoooo
E gosto dele assim
Assado, cozido, fritinho, enrolado, todinho pra mim!

Ai, como é bom voltar no tempo!
Feliz dia das crianças a todos que acompanham meu blog...


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