quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Plantão Médico



Sorry pelo post-livro, estava guardado faz tempo, não queria publicar, mas como hoje faltou inspiração...foi.

Esse ano tive a infelicidade de fazer um dos exames mais traumáticos da minha vida, a tal da Ressonância Magnética de Encéfalo.
O processo de realização de ressonância é indolor, o problema maior, foi nos preparatórios que vou relatar aqui pra vocês.

Na marcação do exame, a moça do laboratório informou: "No dia do exame, a senhora terá que estar vindo com os cabelos secos, sem cremes, com uma roupa confortável e sem metáis como ziper, botões, colares e brincos".

Desliguei o telefone e entrei em estado de choque.

Problemática 1: Como assim eu tenho que estar com os cabelos SECOS e SEM CREMES ao mesmo tempo?! Pra quem não sabe, meu cabelo é enroladissímo, não existe a hipótese de acordar e sair dignamente de casa sem lavar/molhar o cabelo ou no mínimo passar cremes.

Problemática 2: Eu trabalho todos os dias vestida de pingüim, considerando que eu tenho que trabalhar logo após o exame, COMO ASSIM NÃO TER ZIPER OU BOTÕES?!

Aí começou minha batalha com a dignidade. Como sair de casa com dignidade respeitando esses pré-requisitos? Como? Raciocina, Bel, Raciocina. Pensei em fazer escova nos cabelos, seria a única forma e mantê-los secos, sem creme, e apresentáveis. Mas não dava pra fazer isso no meio da semana, não sobrava tempo entre trabalho e faculdade.

1° BATALHA - Preparatórios no dia anterior
Ciente de que não tinha a opção de não lavar os cabelos, pois ele estava com cremes. E não tinha a opção de não secar, caso contrário ele ainda estaria molhado pela manhã, na noite anterior ao exame, cheguei em casa, lavei os cabelo e sequei-os com auxílio do secador. Passei uma quantidade ínfima de reparador de pontas, afinal, não podia passar creme, mas quebrei as regras mesmo, e me orgulho disso. Reparador é pontas é digno.

Na hora de dormir, fiz uma trança e enfiei uma touca improvisada feita de meia fina na cabeça, na tentativa de acordar com o cabelo minimamente apresentável.
- 1° batalha perdida: A dignidade não usa touca de meia fina trifil furada da cabeça.

.Chegado o grande dia.


2° BATALHA - CABELO
Acordei e tentei dar um jeito no cabelo de toda forma, mas não dava sair na rua parecendo a Maria Bethânia, a temperatura estava amena, decidi por enfiar uma touca de lã na cabeça. O sol estava saindo, e por mais ridículo que fosse, sair na rua com a touca na cabeça era o único jeito de parecer menos ridícula.
- 2° batalha perdida: A dignidade não usa touca de lã no verão.


3° BATALHA - A ROUPA
Todas as minhas calças tem zíper. Todos os meus sutiens (decentes) tem ferrinho. E agora?
7 horas da manhã e eu estava com uma tesoura na mão, abrindo um buraco na lateral do sutien pra tirar o tal ferrinho. Pronto, problema resolvido.
Bem, definitivamente minha touca de lã não fazia o estilo social, então decidi que aquele dia eu realmente não ia trabalhar de social. Mas também não dava pra sair de casa com uma calça de ginástica, ou com um moletom furado, a solução seria colocar a calça jeans por cima de uma calça legging e ir apertada como um queijo provolone, pra chegando lá tirar o jeans e me livrar o zíper, foi o que fiz.
Mas peraí, eu não podia usar touca com roupinha de verão, né? me enfiei dentro de uma jaqueta e fui. E o sol cada vez se mostrando mais forte.
- 3° batalha perdida: A dignidade não usa legging por baixo do jeans.


4° BATALHA - PRÉ-EXAME
Quando cheguei ao laboratório, o sol já estava rachando cucas, ao ser atendida, fui encaminhada para uma sala hiper mega super gelada. Ufaa, me livrei do calor, pensei.
Quando disse que minha ressonância era de encéfalo, a enfermeira avisou que eu poderia ficar com a calça jeans (obrigada, mocinha gerundica do atendimento!), mas logo tive que tirar os sapatos e calçar aquelas pantufas de plástico, tirar a jaqueta para que a injeção de contraste fosse aplicada da minha veia, e a parte mais apavorante: tirar a touca.

Eu estava uma aberração estética, o cabelo de qualquer medingo na rua estava melhor que o meu. E é claro, claro que o enfermeiro que foi aplicar a injeção no na minha veia era um GATO. E eu lá, naquela situação deplorável, querendo morrer.
- 4° Batalha perdida: Nessa altura, eu já nem me lembrava mais o que era dignidade..


5° BATALHA - O EXAME
Tudo que eu queria era terminar aquele exame, ir correndo pro banheiro e passar a quantidade de creme que fosse necessária para o meu cabelo ficar apresentável, tirar aquela calça legging que estava me matando por baixo do jeans, recolocar meus brincos e colar, e ir embora.

Mas Murphy, Murphy é meu amigo, minha gente. Acabou a energia elétrica no meio do exame, e a enfermeira veio me avisar que a máquina da ressonância não funcionava com o gerador.

Ela disse “Aguarde um minutinho” e eu fiquei lá, por mais de uma hora, deitada naquela esteira, morrendo de frio. Eu não podia vestir minha jaqueta pois tinha uma agulha de meio metro na minha veia, não podia calçar os sapatos, alías, eu mal podia me mexer, me limitava a manter meu braço esquerdo ereto, pra não presenciar a agonizante visão do meu sangue voltando pela seringa.

Eu tinha duas opções: Esperar ou ir embora. Mas eu não podia ir embora, pra depois ter que passar por aquilo tudo novamente, não é mesmo? Fui macha, agüentei!

E pra coroar aquela situação lamentável, a enfemeira ficou com dó de mim, que estava morrendo de frio, e me ofereceu um cobertor Parahyba.

Era igualzinho esse aí.
Por favor, não visualizem a cena.








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Postado por
Bel


às
06:00












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