quarta-feira, 19 de setembro de 2012

[Crônica] O Dia Seguinte - A versão de Mariana




Era uma tarde de domingo chuvoso. Mariana olhava pela janela a paisagem típica de um dia assim: As gotas da chuva ricocheteavam no vidro do quarto e as copas das árvores balançam por causa do vento, como se dançassem ballet.

Mariana assiste ao espetáculo demodèe enquanto pensa na noite anterior. Ela tinha ido na festa de casamento do primo de terceiro grau da sua amiga Ritinha. Não conhecia os noivos. Mal mal tinha algum contato com a família do pai da amiga, mas sobrara um convite. A irmã de Ritinha teve que viajar as pressas para o Mato Grosso do Sul e seria um desperdício não fazer uso daquele convitinho cor de pérola e letras douradas. Foi.

A festa foi muito elegante. Se não fosse pela chuva de pedaços de papéis prata que caiam sob os noivos durante a valsa, seria perfeita. Não achava nada mais brega do que chuva de papel.

Durante a festa, Ritinha, que já estava atracada com um antigo caso, num canto do salão, apresentara Mariana para seu primo, Eric, a fim de assim poder continuar com os amassos sem que a amiga ficasse sozinha na pista de dança.

Eric era pouco mais velho, 4 ou 5 anos a mais que ela. Recém formado em arquitetura, era tímido que dava dó. Não dançava direito e, com muito custo, conversava com Mariana. Aquilo despertou o interesse da garota, ela via naquilo uma graça, um charme. Ele também gostou da menina. Achou-a sensual, tinha um sei lá o quê de mulher misturado com um sorriso malicioso e um olhar de criança. Gostava disso.

Troca de olhares, conversa ao pé do ouvido, festival de sorrisos e mãos que por vezes se encontravam. Por fim, ficaram.

Era uma tarde de domingo chuvoso e Mariana se lembrava de Eric. Ocorreu-lhe a idéia de que em dias como estes, todos deveriam ter um namorado ou namorada, deveria ser um direto universal. Brincou até com a hipótese de uma agência de namorados de aluguel. E olhava agora para o celular.

“Nada...”

Os dois haviam trocado telefones. Ele a deixara na porta de casa, lá pelas seis e alguma coisa da manhã, despediram-se e marcaram um próximo encontro ainda para aquela semana.

“Ele não liga...desistiu de mim, na certa!”

“Desistiu sim, tenho certeza.”

“Tem outra!”

Eram tantas teorias, que ela tinha vontade de no ímpeto ligar par ele e dizer boas verdades.
“Mas vai ver, ele não me ligou ainda porque estava ocupado...”

“Ocupado num domingo? Ah tá, até parece...”

“E se ele estiver trabalhando num projeto que deverá ser entregue amanhã e ainda não está pronto? E se teve algum almoço familiar para reunir os parentes depois do casamento?”

“Ou se perdeu meu número? Então no caso, ele deve estar torcendo para que eu ligue para ele e...”

Tocou o celular. Desesperada, Mariana corre para atender a chamada, mas na ansiedade de conferir o aparelho a cada minuto, já não lembrava mais aonde o tinha colocado. Encontrou o maldito. Era Ritinha. Queria saber o que tinha acontecido depois que os dois foram embora.

“Nada”, respondeu. Conversaram por mais uns 10 minutos, recapitularam os casos da festa. Lembraram do tio bêbado que cantou “Livin’ La vida Loca”, da mãe do noivo que chorou a festa inteira e de uma das madrinhas que estava com um vestido horroroso. Deram boas risadas e desligaram.

Com o celular na mão, Mariana pensa em voz alta:

“Mas que coisa, não vai ligar? Acho uma falta de respeito pegar o telefone e não ligar! É preferível nem pedir então! Quer saber? Também não quero mais. Um cara assim, só pode ser um cafajeste! Aquela cara de bom moço, ANHAM CLÁUDIA, SENTA LÁ! Os quietinhos são os piores!”

Ainda segurando o aparelho, a garota gesticulava como se conversasse com ele.

“Quem você pensa que é??? Acha que vou correr atrás de você? Pois está muito enganado. Não preciso de homem! Mesmo que tenha um belo sorriso. E um cabelo cacheado meio desarrumado. E um beijo delicioso. E uma bunda...”, suspirava.

“TOCA, MERDA!”, gritou por fim.





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Postado por
Claris Simão


às
00:05












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